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“Transformar, deformar, dissipar” na Piccola Galleria da Casa Fiat de Cultura

by Paloma Morais

Foto: Thaieny Dias

A partir de autorretratos incomuns, a artista visual cria pinturas que reúnem
conceitos clássicos e contemporâneos da história da arte.

Do diálogo entre duas linguagens artísticas, a fotografia e a pintura, a Piccola Galleria da Casa Fiat de Cultura apresenta sua nova exposição. “Transformar, deformar, dissipar” afirma o trabalho de experimentação da artista visual Thaieny Dias, que traz 16 telas entre aguadas em nanquim, acrílicas sobre tela e sobre madeira, em pequenos, médios e grandes formatos, geradas a partir de autorretratos fotográficos. A mostra tem entrada gratuita e pode ser vista entre os dias 28 de março e 23 de abril de 2017.

O processo criativo desta série começou quando Thaieny Dias tirou uma foto do próprio rosto, uma “selfie”, e percebeu que a imagem havia ficado desfocada e tremida. Em vez de descartá-la, a artista identificou ali uma nova imagem de si mesma. Então, com a câmera em posições diferentes de seu rosto ela fez outros autorretratos e utilizou as imagens resultantes da ação como matrizes para a criação de pinturas. A artista criou então a série “Limites da Existência Corporal na Imagem”, com cerca de 50 telas, mas, para a exposição na Piccola Galleria da Casa Fiat de Cultura, selecionou 16 delas, em dimensões variadas, todas produzidas entre 2014 e 2016. A curadoria é de Joyce Delfim, pesquisadora de Teoria e História da Arte com especialização em estudos sobre o feminismo no contexto brasileiro das artes visuais.

O título da exposição “Transformar, deformar, dissipar” faz referência às variações da figura humana que a pintura permite gerar. Neste caso, a pintura não destrói, apaga nem exclui; ela transforma, muda a perspectiva, transfigura, apresenta o rosto de forma incomum. Segundo a artista, a fotografia captura uma parcela do tempo, mas a pintura em movimento congela outra parcela do tempo, também em movimento. “Fico muito imersa no processo de pintar uma tela. A pintura é um meio de representação forte, que abrange muitas possibilidades e que tem experimentado um revival por parte de jovens artistas. O que me atrai nessa técnica é justamente esse universo de possibilidades”, destaca.

Apesar da estética e conceito contemporâneos, o trabalho de Thaieny dialoga com um dos mais tradicionais gêneros da história da arte: a pintura de autorretrato. Entre os anos de 1861 e 1880, Paul Cézanne, referência do gênero para Thaieny, realizou uma célebre série de autorretratos. Assim como ele, outros artistas também experimentaram em algum momento da carreira as autorrepresentações, como Eliseu Visconti, Ismael Nery, José Pancetti, Frida Kahlo e, mais recentemente, Arnulf Rainer e Cindy Sherman.

Em sintonia com discussões sobre igualdade de gênero e outras reivindicações civis femininas, a artista joga luz para uma pauta atual: a representação das mulheres na história da arte. Na opinião de Thaieny, a autorrepresentação de uma artista visual é também uma forma de resistência das mulheres. “A imagem de uma mulher sempre foi apropriada pelos homens, quando eles pintavam sempre as mulheres nuas ou em posições e situações que os agradavam. A mulher não tinha poder sobre sua imagem. Como artista, eu não consigo me dissociar de um contexto social e, portanto, essa pode ser também uma das leituras do meu trabalho”, completa.

A exposição “Transformar, deformar, dissipar: Thaieny Dias na Piccola Galleria da Casa Fiat de Cultura” é uma realização do Ministério da Cultura, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, da Casa Fiat de Cultura, com o apoio do Grupo Fiat Chrysler Automobiles (FCA), Banco Fidis, Fiat Finanças, CNH Industrial, New Holland, Banco Safra, Circuito Liberdade, Instituto Estadual do Patrimônio Histórico (Iepha), Governo de Minas e Governo Federal.

 

Serviço:

Exposição “Transformar, deformar, dissipar: Thainey Dias na Piccola Galleria da Casa Fiat de Cultura”
De 28 de março a 23 de abril de 2017
Terça a sexta, das 10h às 21h; sábados, domingos e feriados, das 10h às 18h
Entrada gratuita

 

Ateliê Aberto de Monotipia
Dias: 8 e 9, 15 e 16, 22 e 23, e 29 e 30 de abril
Das 10h às 12h para crianças até 12 anos
Das 14h às 18h para maiores de 12 anos
Vagas limitadas a 20 pessoas por horário, não é necessária a inscrição
Entrada Gratuita

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